sábado, 12 de fevereiro de 2011

BUCOWSKI

Mesmo assustando as almas mais sensíveis, aí vai um pouco do velho safado:

Esta noite me sinto envenenado, usado, gasto até o osso. Acho que a multidão, aquela multidão, a Humanidade, que sempre foi difícil pra mim, aquela multidão está ganhando, afinal. Acho que o grande problema é que tudo é uma performance repetida para eles. Não há novidade neles. Nem mesmo o menor dos milagres. São rançosos, bolorentos. Não há emoção. Congelam-se dentro de si mesmos, se enganam, fingindo que estão vivos.

Todos os dias volto do hipódromo apertando o rádio em diferentes estações, procurando música, música decente. Tudo é ruim, insípido, sem vida, sem melodia, indiferente. Mesmo assim, algumas dessas melodias são vendidas aos milhões. É horrível, uma idiotice terrível entrando em jovens cabeças. Eles gostam disso. Dê merda a eles e eles comem. Não conseguem discernir? Não conseguem ouvir? Não sentem a diluição, o mofo?

Gente demais é cuidadosa demais. Estudam, ensinam e fracassam. A convenção apaga suas chamas.

O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até as suas mortes. Não reverenciam suas próprias vidas, cagam em suas vidas. Concentram-se demais em cinema, dinheiro, família. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer.

Os escritores só gostam de cheirar a própria merda. Sou um desses. Não gosto nem mesmo de falar com escritores, de vê-los ou, pior, de ouvi-los. E o pior é beber com eles, se babam todos, realmente são lamentáveis, parece que estão procurando pela asa da mãe.

Na minha próxima vida quero ser um gato. Dormir 20 horas por dia e esperar ser alimentado. Sentar por aí lambendo meu cu. Os humanos são desgraçados demais, irados demais, obcecados demais.

As mulheres não sabem a que ponto a lascívia as embeleza. Se compararmos duas mulheres de idade e beleza mais ou menos equivalente, uma vivendo no celibato e a outra na libertinagem, veremos como esta última reúne mais brilho e frescor; toda violência contra a natureza desgasta muito mais do que o abuso dos prazeres.

De algum modo, me perdi, os olhos grudados nas pernas dela. Sempre fui de perna. Foi a primeira coisa que vi quando nasci. Mas então eu tentava sair. Desde então, tenho me virado no sentido contrário, e com um azar dos diabos.

Qualquer um que paga dinheiro por uma consulta com o analista só pode ser doido.

Uma cara chata após a outra, parece não ter fim. Uma procissão interminável de idiotas, alguns famosos. Não havia muita alternativa para mim, exceto o escocês.

Gente demais sabia onde eu morava.

Eu me sentia cansado, no corpo e na mente. Queria largar o jogo.

Escutem aqui, companheiros, quando foi a última vez que um de vocês baixou a calcinha de uma mulher?

Os homens, em geral, não vivem nada; só se gastam.

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