Os avôs, um lavrava a terra
outro era pescador.
Ambos rudes, se encontravam
na aguardente;
um morreu velho, meio louco
outro, meio cedo, sem lembrança.
As avós, as duas cedo mortas
uma de outro parto
outra de desesperança.
Os pais, os pais, pai?
Porque não me lembro em teus braços
porque tudo que lembro era ser sozinho?
A vontade desesperada de morrer aos onze anos.
Pobres de nós, pai
tu sem ilusão
eu sem esperança;
tu dormindo com Deus
eu acordando com fantasmas.
Mãe, porque não sinto teu abraço
porque quero teu colo agora?
Que estranhos desígnios
cruzaram nossos caminhos?
Vou passar pros meus filhos
o legado de desconforto e mágoa?
Devo carregar a herança maldita
de ter que ser produto
do vosso desespero e pasmo?
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